É fácil ter uma noção sobre o valor de um quilo de feijão, uma calça jeans ou uma TV. Mas a percepção não é tão simples com serviços como assinatura de internet banda larga, telefonia celular ou TV a cabo. Diante dessa falta de clareza sobre um preço mínimo e justo, acaba pagando menos quem reclama mais. Embora possa soar vantajosa, essa prática está relacionada com atendimentos deficitários, setores com pouca diferenciação no serviço e tratamento desigual dos consumidores.
"Ao mesmo tempo que alguns consumidores chegam nesse nível de negociação (o desconto), outros não estão fazendo isso e são prejudicados porque pagam mais caro", diz Fábio Mariano Borges, professor de Ciências do Consumo Aplicado da Escola Superior de Propaganda e Marketing. "É como se fosse um braço de ferro, no qual primeiro a empresa coloca o valor que quer e depois o consumidor, não somente em uma negociação, mas sob uma ameaça de que trocará de empresa, pede um valor mais baixo", completa.
E não por acaso, lembra Mariano, as empresas que adotam essa prática são as campeãs de reclamação no Procon. "Existe um volume representativo de consumidores que fazem isso (conseguem desconto), que se comunicam e postam nas redes digitais", diz. "Nenhuma empresa se sustenta dando tantos descontos não previstos", completa. Por isso, o professor argumenta que a explicação só pode estar nos altos lucros. "Isso significa, sim, uma faixa de gordura na margem praticada para as empresas", destaca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário