segunda-feira, 9 de maio de 2011

Indústria local vai criar só 4% dos empregos

Até dezembro deste ano, mais de 41 mil postos de trabalho deverão ser criados no Estado. Em todo o País, surgirão 1,7 milhão de vagas. Contudo, enquanto 30% dessas oportunidades, no Brasil, serão puxadas pelo setor industrial; no Ceará, a previsão é bem menos otimista. Por aqui, apenas 4% do total de novos trabalhadores estarão atuando das indústrias locais. É o terceiro pior índice do segmento no Nordeste, com somente 1.658 vagas. Ganha apenas do Piauí, onde irão aparecer 1.041 novos postos, e Alagoas, que deverá fechar 5.148 postos.

A estimativa consta no relatório nº 89 do estudo "Emprego e Oferta Qualificada de Mão de Obra no Brasil: Projeções para 2011", realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o levantamento, Pernambuco e Bahia lideram a lista das unidades federativas nordestinas que deverão ofertar mais oportunidades, com 12.546 e 11.429,respectivamente. Além disso, há uma nítida vantagem desses estados em relação ao Ceará na participação do setor industrial deles no todo de postos a serem gerados. Em Pernambuco, a indústria responderá por 16%. Na Bahia, 20%.

Os dados do Ipea estimam um descompasso do crescimento da indústria cearense na comparação com as dos demais estados nordestinos. Conforme o relatório, outras quatro unidades federativas da região deverão superar o Ceará em quantidade de vagas criadas no setor secundário. Maranhão (2.482), Sergipe (3.770), Paraíba (5.430) e Rio Grande do Norte (6.309).

Divergência

Na opinião do coordenador da unidade de Economia do Instituto de Desenvolvimento Industrial do Ceará (Indi), Pedro Jorge Ramos Vianna, os últimos dados da indústria no Ceará tem indicado justamente o contrário: um crescimento mais acentuado em emprego e renda.

"Prefiro me reservar ao direito de não comentar essa pesquisa porque não a vi. Com certeza, a indústria local não subiu no mesmo ritmo no Brasil, porém, cresceu razoavelmente bem", afirmou, ressaltando que uma das principais características do setor industrial cearense é a boa oferta de empregabilidade.

"Não há porque a gente não acompanhar o País. Se fosse um setor altamente intensivo de capital, mas não. É uma área muito mais empregadora de mão-de-obra", complementou o especialista do Indi.

Apesar do ponto de vista contrário ao da pesquisa, Pedro Jorge Vianna admitiu que há muito o que se avançar acerca dos gargalos que emperram o desenvolvimento industrial.

"Ainda existe uma dependência muito grande de investimentos públicos. Mas, em compensação, já se vislumbra um avanço com as construções da siderúrgica e refinaria".

Mais empecilhos

Segundo o presidente da Comissão de Estudos Tributários da OAB-CE, o advogado Pedro Jorge Medeiros, outro obstáculo que persiste ao longo dos últimos anos é a concorrência entre os estados brasileiros, sobretudo, entre as unidades federativas nordestinas, por meio da intensa guerra tributária, com o oferecimento de benefícios fiscais. Além disso, segundo ele, a desvantagem que o Ceará leva em relação aos estados vizinhos. "Há empreendimentos que deixam de vir pra cá porque ainda existe uma alta carga tributária no Estado", avaliou. Segundo Medeiros, esse item somado à dificuldade na liberação das licenças ambientais e à falta de qualificação profissional são os principais pontos a serem trabalhados para atrair investidores e ajudar a desenvolver os empresários que já se instalaram no Estado. "É preciso um olhar especifico para a indústria, com uma política pública voltada para esse setor para não continuarmos perdendo investimentos como o estaleiro. Temos que ficar mais competitivos", pontuou.

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